Isaque formou lavoura naquela terra e no mesmo ano colheu a cem por
um, porque o Senhor o abençoou. O homem enriqueceu, e a sua riqueza continuou a
aumentar, até que ficou riquíssimo. Possuía tantos rebanhos e servos que os
filisteus o invejavam. Estes taparam todos os poços que os servos de Abraão,
pai de Isaque, tinham cavado na sua época, enchendo-os de terra. Isaque reabriu
os poços cavados no tempo de seu pai Abraão, os quais os filisteus fecharam
depois que Abraão morreu, e deu-lhes os mesmos nomes que seu pai lhes tinha
dado.
Gênesis
26.12 a 18
Introdução
Falar
de crise é tocar em um ponto nevrálgico para muitos. É colocar o dedo na ferida
das emoções e mexer nas cicatrizes do passado. Crise sempre foi uma palavra
temida no Brasil e praticamente qualquer brasileiro com mais de 25 anos já
sentiu na pele seus nefastos efeitos. Talvez você seja um desses, e esteja
neste momento sofrendo as dores de parto, digo da crise.
Até bem
pouco tempo, era moda dizer que quando os Estados Unidos espirravam, o Brasil
pegava pneumonia. Isso mudou: os EEUU pegaram quase uma tuberculose em 2008 e o
Brasil teve apenas uma leve coriza. É… as coisas mudam: o que vale hoje, pode
não refletir o passado e nem muito menos servir de garantia de sucesso no
futuro. Que o [mau] exemplo dos EEUU nos sirvam de lição de humildade.
Também
já fui vítima de crises. Na crise da Tequila (México), em 1994, houve um
drástico corte nos concursos, época em que eu estava apto para passar no
Concurso da Receita Federal, pois havia raspado a trave no ano anterior. Meus
sonhos foram por água abaixo e a conquista de um cargo público na elite do
funcionalismo demorou quase 15 anos para se tornar realidade.
Em 1998
perdi uma excelente oportunidade de trabalho por conta da crise da Vodka
(Rússia) e, recém-formado, iniciei um turbulento período de desemprego que me
levou a uma espiral de fracassos e decepções que culminaram em um processo
depressivo. Nessa época eu descobri o que era o deserto de Deus, e até as
minhas necessidades mais básicas eram atendidas quase no último instante e, não
raras vezes, dependendo da boa vontade de outras pessoas. Quando eu estava
passando por aquela situação, muitas vezes entrei em desespero e olhei para o
céu me sentindo abandonado por Deus à própria sorte…
Mas,
tudo isso passou, e eu venci. Às vezes, as pessoas nem fazem idéia de como eu
posso extrair posts motivadores de tantas experiências amargas que tive, como
foi o caso de minha coleção de fracassos amorosos (eu era um Don Juan às
avessas). Sabe, eu aprendi que é dos limões mais azedos que podemos extrair o
melhor suco. E é isso que quase sempre faço: fico espremendo minhas derrotas e
fracassos, adoçando com humor e mexendo o caldo até virar um banquete aos
famintos, desiludidos e decepcionados com a vida.
E é
disso que vou falar: vencer a crise. Foi o que Isaque fez, venceu a crise em
meio ao deserto e cercado de hostilidade de seus vizinhos. Como ele fez isso? É
o que vamos descobrir juntos, a partir das próximas linhas. Acompanhe-me.
1. As
dificuldades fazem parte da vida
Se
existe uma coisa que precisamos entender é que as dificuldades fazem parte da
vida, e que não existe uma vida sem dificuldades. É assim que é a vida, e é
assim que a vida é. Sabendo disso, ficará muito mais fácil você encarar as
dificuldades (e oportunidades) de frente e fazer suas escolhas de modo
consciente e consistente. Esteja ciente do que lhe aguarda após a próxima curva
do rio, para não ser pego de surpresa. Você já deve estar escolado nessas
coisas, mas não custa reforçar, certo?
-
querem destruir nossos sonhos e enterrar nossos projetos: Isaque percebeu que,
assim como existem aqueles que querem nosso bem e torcem por nosso sucesso,
também existe a torcida do contra, os espíritos-de-porco, o supra-sumo do cocô
de gato em pó, que batalha para nos levar ao fracasso e a desistir de nossos
objetivos. Não fique dando atenção a quem quer comemorar a sua derrota, mas
eleja alguém decente e vitorioso para se espelhar e motivá-lo a seguir em
frente.
-
querem roubar nossa herança: no deserto, quem cava um poço é dono. Isaque, como
filho de Abraão, o desbravador de deserto e cavador de poços, era o legítimo
herdeiro daqueles poços cavados por seu pai. Sabe, é triste e decepcionante
descobrir que existem os parasitas do trabalho alheio, que vivem de sugar o
resultado do esforço e suor do próximo (não, não estou me referindo aos
políticos brasileiros e afins, mas que deu vontade… ah, isso deu). Esteja
atento aos ladrões de herança, inclusive entre seu círculo íntimo.
-
querem impedir nosso crescimento: nós fomos projetados para crescer, evoluir,
amadurecer, enfim, avançar. Mas, tem gente querendo jogar açúcar no nosso
churrasco e estragar a nossa festa. Se já não bastasse ser difícil crescer em
meio aos problemas, ainda tem uns trolls safados insistindo em puxar o freio de
mão de nossa carroça. Cuidado com quem você chama para se sentar ao seu lado na
corrida da vida.
-
querem nos expulsar do lugar da bênção: se tem uma coisa que me chateia é a
incrível quantidade de pessoas invejosas ao redor do mundo. Como já dizia um
pastor meu: basta você revirar uma pedra para achar um invejoso embaixo dela
(junto com cobras, lagartos e outros bichos semelhantes). Para esse tipo de
pessoa, não basta ela estar bem, você tem que estar na pior. Nosso sucesso parece
incomodá-las, mas quer saber? Prospere em meio à crise, e deixe que eles se
mordam de inveja.
-
querem nos forçar a parar no meio do caminho: esse é o golpe mais baixo que existe
que é fazer você parar e desistir de tudo. Usando todo tipo de tática intimida
tória, os arautos do fracasso não suportam ver você avançar enquanto tantos
ficam para trás. Mas, o que muitos não conseguem perceber é que investindo
esforços em nos fazer desistir, tais pessoas dão um testemunho silencioso que,
paradoxalmente, acreditam em nosso sucesso. E temem que consigamos chegar lá. Que
tal não desapontá-los?( Risos).
2. As
atitudes que fizeram a diferença
Em meio
a tantos desafios, Isaque conseguiu prosperar em pleno deserto. Nos versos
iniciais, vemos que ele semeou no deserto e colheu a impressionante cifra (ou
safra… vai saber né) de 100 por 1! E mesmo tão próspero e abençoado, ele não
ficou acomodado e deslumbrado com suas conquistas. Ao se tornar tão
bem-sucedido, Isaque imediatamente atraiu os olhares invejosos dos filisteus,
que não suportaram seu sucesso retumbante. Acontece isso todo dia, comigo, com
você, com qualquer um que se destaque: ser tratado com desdém pelos invejosos
de plantão.
Então,
aconteceu o inevitável: Isaque foi expulso por causa de sua competência em ser
excelente empreendedor. Uma vez, ao assumir um cargo num certo órgão (que não
vou dizer qual… risos), eu comecei muito animado, saindo de um desemprego
constrangedor, queria mostrar serviço e fazer as coisas do jeito certo. Eu não
queria aparecer, galgar degraus ou obter status, eu queria apenas e tão-somente
TRABALHAR e fazer jus ao meu salário. Era pedir muito?
Mas,
não foi assim que me enxergaram… eu, sem saber, despertei inveja com aquela
minha ânsia de trabalhar e fazer as coisas bem feitas. Fui humilhado e
depreciado, marginalizado e colocado numa sala escura para perfurar e carimbar
folhas. Uma colega de trabalho que soube da história chegou a dizer que eu
havia sido punido por demonstrar que era competente! Tem base um negócio
desses? #coisasdoBrasil
Fiquei
indignado, mas pensei melhor e disse a mim mesmo: “bom, não adianta revoltar,
então se eles não me querem aqui, vou fazer a vontade deles: estudar e sair
para outro órgão melhor assim que puder!”. Esquecido naquela sala com cheiro de
mofo, eu pensava que era o meu fim, e olha que não tinha nem 3 meses que eu
havia assumido!
Só que
Deus estava olhando para mim e, para encurtar a história, pouco tempo depois eu
fui convidado a assumir o lugar de quem me colocou na “geladeira”. E a pessoa,
para onde foi (não que eu quisesse assim, que fique claro)? Exatamente. Foi
praquele lugar. Não, praquele não! Foi pro lugar que eu estava antes, o mesmo
para o qual ela havia me mandado....
Aprenda
as lições de Isaque para, mesmo em meio à crise, prosperar e vencer.
-
Isaque cavou os poços antigos: aqui a palavra-chave é racionalizar esforços. Em
administração aprendemos que racionalizar recursos e esforços significa
aproveitá-los ao máximo, e fazendo uso de recursos antigos, mas ainda viáveis,
Isaque demonstrou grande capacidade de gerenciamento na crise, pois identificou
corretamente algo que poderia ser aproveitado sem despender muito esforço. Se
já existe algo funcionando, por que não utilizar isso? Nem sempre começar tudo
do zero é a opção mais sábia. Saiba avaliar o custo x benefício das decisões e
poupar esforços para aquilo que é imprescindível.
-
Isaque cavou novos poços: a grande lição legada por Isaque neste quesito é
iniciativa. Quando a solução anterior mostrou-se de curta duração, a
necessidade de inovar e descobrir novas alternativas chegou. Muitas pessoas
ficam estagnadas na vida justamente por não possuírem a capacidade de se
reinventar em vista de uma dificuldade inesperada ou oposição cerrada. Tenha
iniciativa, não fique preso aos velhos chavões, mas seja criativo e descubra
novos caminhos para atingir o mesmo objetivo, pois isso vai levá-lo a subir
novos degraus na escada da vida.
-
Isaque não ficou “arengando” pelos poços cavados: sabe qual é o segredo sobre
as contendas (arengas, em bom nordestinês)? É não ficar perdendo tempo com
essas briguinhas tolas, pois seu intento principal é tirar nosso foco, e nos
fazer desperdiçar tempo e recursos com essas coisas irrelevantes. Afinal, se eu
sei que posso cavar mais poços, se eu sei cavar poços e sei onde cavar e obter
resultado, por que perder tempo com bobagens? Resumindo em uma frase a lição de
Isaque: não perder tempo e nem o foco.
-
Isaque não parou de cavar poços: Os filisteus sabiam que estavam diante de
alguém capaz e inteligente, e sabiam que se deixassem ele seguir em frente, ele
iria longe. Por isso, todas essas tentativas não tinham outro objetivo maior do
que fazer Isaque desanimar e desistir, e então capturá-lo nesse momento de
fraqueza e vulnerabilidade. Se você se encontra diante da tentação de desistir,
é nesse momento que você deve envidar seus maiores esforços para vencer a
batalha. A chave disso é não desistir de tentar.
-
Isaque insistiu até conseguir seu lugar de descanso: se tem uma coisa que eu
preciso tirar o chapéu pra Isaque é que ele era uma pessoa insistente.
Insistente no sentido de persistir, de correr atrás de seu objetivo, de não
desistir de seus sonhos. As maiores tentações que já enfrentei, mesmo
concorrendo com milhares de pessoas por uma vaga em um concurso público, não
foi receio de não conseguir ser aprovado, mas uma perturbadora vontade de jogar
tudo pra cima e me esconder no comodismo. Mas Isaque nos mostrou uma situação
diferente, que não devemos abrir mão de nossos objetivos.
-
Isaque honrou a memória de seu pai: essa é mais uma virtude de caráter do que
propriamente uma atitude que influencia a conquista de objetivos. Todavia, eu
aprendo lições valiosas aqui. Isaque admirava seu pai, e tinha prazer em
mostrar isso publicamente. Muitas vezes observo que uma relação saudável pais
& filhos traz muitas vantagens, tanto para uns como para outros. Por
exemplo, meu pai está de cabelos todos brancos e eu com algumas décadas de vida
(nasci no século passado…), mas ele sempre me cumprimenta com um beijo. Sai
inveja (risos)! Qual é a lição? Seja grato e não renegue suas raízes.
3.
Desentulhando os poços, o primeiro grande desafio
Uma
coisa ainda deve ser dita de Isaque: ele era um homem de visão. Ele enxergava
soluções onde os outros só viam problemas. Alguém poderia dizer: “Isaque, os
filisteus entulharam os poços, e agora?”. Ele tinha atitude de quem coloca a
mão na massa e resolve, não fica empurrando o problema com a barriga, nem
despachando para assessores de coisa-nenhuma, que nada fazem de útil e
proveitoso. Não, senhor, Isaque era diferente. Ele compreendeu que as
dificuldades abrem portas de oportunidades.
Mas,
por que é primordial começar a tirar os entulhos de nossa vida para obter
sucesso e prosperidade? Entulho é uma palavra bastante versátil e com vários
significados, entre eles “lixo”, “restolho”, “imprestável”, “sobras” e outros
mais. Quando deixamos acumular entulho em nossa vida estamos entupindo os
canais que podem nos trazer coisas novas e úteis. Os rios, por exemplo, também
sofrem de “entulha mento”, que é o processo quando se desmata as margens e eles
perdem a proteção natural contra a erosão e vão acumulando areia em seu leito.
Em outras palavras, eles acabam ficando assoreados. Alguns rios menores podem
até morrer por causa disso.
Desentulhar
sua mente pode ser o primeiro passo de uma caminhada vitoriosa. Para começar,
tire de sua mente os pensamentos negativos, de frustração e decepção com o
passado, pare de ficar se lamentando com os fracassos, e deixe de ficar
colocando a culpa de seus erros nos outros. Outra importante atitude é deixar o
comodismo de lado e colocar em prática ações que realmente farão diferença em
sua vida. Agindo assim, você logo perceberá que sua mente voltará a funcionar
melhor e as coisas fluirão como antes, quem sabe até melhor do que antes!
Às
vezes, é preciso reconhecer que os entulhos são nossas desculpas de estimação,
aquelas justificativas ridículas que usamos para tapar o sol com a peneira
explicar porque ainda não conseguimos sair do marasmo. Sim, nossa mente
necessita de um desentupimento das desculpas esfarrapadas se desejamos alçar
voos mais altos e chegar mais longe.
Outro
segredo para conseguirmos limpar a mente da sujeira é a humildade. Claro!
Observe alguém limpando um poço: ele se abaixa se ajoelha. Quer mais? É preciso
ter coragem para sujar as mãos e fazer a coisa certa. Não se engane: você
jamais conseguirá sair do atoleiro sem descer do salto e arregaçar as mangas.
Está na
hora de parar de patinar e ganhar terreno na estrada da vida e o momento de
tirar o entulho de sua mente chegou. Procure ocupar sua mente com pensamentos
úteis e atitudes positivas. Pode parecer ineficaz no começo, mas logo mais você
vai perceber a diferença. Experimente!
4.
Conclusão
Quando
estamos em meio à crise, muitas vezes bate o desespero, e queremos agarrar a
primeira oportunidade que aparece como se fosse a última tábua de salvação. É
nas crises que nossa paciência fica reduzida a níveis ínfimos, nossa
perseverança arrefece e a esperança desvanece no ar. A crise é um momento
singular que nos prova ao extremo e, quando pensávamos que já havíamos atingido
nosso limite, descobrimos que a corda foi esticada além do que imaginávamos.
Um dos
maiores desafios que enfrentamos na crise é manter a cabeça fria e a sensatez
em dia, para que possamos raciocinar com clareza e perceber as nuance e
sutilezas que alteram as circunstâncias que nos cercam. É preciso estar atento
para discernir a mudança na direção do vento, antes contrário para favorável.
Precisamos estar de pé e preparados para esticar novamente as velas e singrar
os mares revoltos, mas em nova direção, rumo ao sucesso.
Eu,
finalizando (ufa!) preciso confessar algo: não é fácil escrever algo de
relevância para quem está na dependência de um “milagre”. Eu mesmo já estive em
situação semelhante, e sei que nosso maior desejo não é ler uma palavra de
incentivo, mas obter a solução de nosso problema e a saída dessa desagradável
situação. Eu entendo você, pois já pensei desse mesmo jeito, e não o culpo.
Todavia,
permita-me um momento #sinceridade: não existe solução mágica para sair da
crise. Às vezes, caímos de pára-quedas bem no meio da crise, mas não existem
saídas fáceis. Você, caro leitor (a), não tem alternativa: é sair ou sair, pois
ficar não é a solução. E para sair da crise, você tem que colocar em prática o
que eu disse e, é sério! Funciona mesmo. Comece aos poucos, mas comece. Você
vai ver que, quem sabe, a solução está bem pertinho de você, ao alcance da mão,
mas é preciso um mínimo de esforço para conquistá-la. Quer saber? Vale a pena o
esforço.
Deus te
abençoe
Wallace
Sousa
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