“Ninguém deita remendo de pano novo, em veste velha, porque
semelhante remendo rompe a veste e faz-se maior a rotura”
Mateus 9.16
Quando
Jesus falou sobre veste e remendo, Ele estava diante de alguns discípulos de
João Batista que o interrogavam sobre jejum. A necessidade de tal pratica
também era observada com afinco pelo clero fariseu. Antes de proferir essa
parábola, Jesus havia se deparado com fariseus e escribas criticando seu modo
de viver: “ Por que come vosso mestre com os publicanos e pecadores? (Mateus 9.11)
Ele blasfema (Mateus 9.3), rogaram para que Jesus se retirasse de seu
território ( Mateus 9. 34)". Imaginar Jesus salvando vidas com todo amor e
bondade de Sua alma e recebendo olhares e palavras ríspidas como
recompensa. Mas Ele não desistia, nem se
intimidava com a perseguição, muito pelo contrário, todo o tempo possível era
usado para curar corações. Pessoas, vidas, esse era o maior alvo do Mestre.
Costureiras
sempre dizem que é mais fácil e prático fazer uma peça nova do que concertar
uma antiga. Remendos são soluções provisórias para prolongar a vida útil de uma
veste e a palavra grega usada por Jesus sobre remendo foi “Agnaphos”, indicando
um tipo de tecido inacabado, de algodão e fibras ainda desalinhadas. Ou seja,
um tecido que precisaria de retoques
especiais para poder ser utilizado e nunca em veste velha, caso contrário, com
a subseqüente lavagem, ou mesmo com a força da linha de costura, o rasgo se
tornaria ainda maior. A fraqueza do tecido velho, não suportaria a junção e
resistência do novo. Que significado teria essa parábola de Jesus?
Interessante
perceber a referência ao tipo de tecido usado para remendo e a contextualização
da conversa que girava em torno de fariseus e discípulos de João batista: “
Podem porventura andarem tristes os filhos das bodas , enquanto o esposo está
com eles? Dias, porém virão, em que lhes será tirado o esposo, então jejuarão.
Ninguém deita remendo de pano novo em
veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste e torna ainda maior a
rotura” Mateus 9. 15-16. O tecido novo
era o próprio Jesus, a Nova Aliança da graça e a roupa velha, era a lei,
todo o sistema religioso que dominava os fariseus, escribas e religiosos da
época que não compreendiam os requisitos para o Novo Reino: arrependimento,
perdão, novo nascimento.
Jesus
estava com eles, e Ele era maior que toda e qualquer regra, a santidade
consistia em se aproximar Dele e recebê-Lo no coração como novo homem, com nova
vida. Era impossível seguir Jesus e continuar servindo ao antigo sistema de
obras e tradições. A Nova Aliança, era aquele tecido inacabado, porque Jesus
ainda seria morto e ressuscitaria para cumprir definitivamente o plano salvífico.
Os filhos das bodas eram os discípulos. Jesus o esposo, O noivo que seria
tirado, ou seja, após a ressurreição, seria elevado ao céu (Atos 1.9) para
aguardar o cumprimento dos tempos. Apesar da comparação entre antiga e nova
aliança, veste velha e remendo novo, Jesus aponta para um futuro em que os
corações dos homens seriam comparados a vestes novas, brancas, completas, sem
remendos. Uma transformação possível através da fé e não de tradições. Do amor,
e não da religião. Da graça que se cumpre com a ação do Espírito santo em nós,
pecadores como Saulo que se fez Paulo. Eis o reino de vestes que não
precisariam de remendos.
Pode-se
fazer uma comparação fiel entre a parábola de Jesus e esses versos de Efésios:
E digo
isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os
outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no entendimento,
separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu
coração; Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à
dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza. Mas vós não aprendestes
assim a Cristo. Efésios 4.17-20
O velho
homem, de vestes velhas.
É
vaidoso, ignorante, duro de coração, separado de Deus, enganado quanto a si
mesmo, voltado para imoralidade e sem sentimento.
E
quando observei o significado real de “sem sentimento”, pude compreender melhor
o estado do homem que vive sem Cristo.
“Sem sentimento” é a tradução para “parar de vigiar, de se preocupar”. A veste velha é como esse homem que se
acostuma ao pecado e já não liga mais para o que Deus pensa sobre ele. Perde-se
o temor, o amor e procura agradar somente a si mesmo. Os remendos surgem com
muitas cores e tamanhos: “idas a igrejas, vida fora de suspeita, evangelho
vivido de forma emocional, superficial, mas nada de transformação, de rasgar as
antigas vestes e vestir as novas para aguardar a volta do Noivo”.
Sinceramente
temi por minha vida ao fazer esse estudo. Temi por não querer me tornar essa veste
velha, acostumada com o pecado e enganada sobre mim mesma. Porque a lei, a
letra, os costumes, matam o amor e a fé, esfriam o relacionamento com Cristo
Jesus. Quero muito ser como uma noiva preparada para receber O noivo, vigiando
e procurando agradar a Deus acima de tudo.
Que
possamos compreender e viver o que Jesus nos ensinou.
Autor:
Wilma Rejane
Nenhum comentário:
Postar um comentário