Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto,
diz o SENHOR.
Jeremias
23.1
Paulo
jamais experimentara uma despedida como aquela. Os irmãos efésios simplesmente
não admitiam sua partida. Embora tenha passado apenas dois anos ali, sua
dedicação em tempo integral criou um forte laço de amor entre eles.
Sua
consciência estava tranquila, pois em suas próprias palavras, nada que útil
fosse, deixou de anunciar e ensinar "publicamente e nas casas" (Atos 20.
20). Repare nisso: todo o ministério de Paulo junto aos efésios se dava num
ambiente aberto, sem segredos, sem mistério. Era nesse ambiente aberto que
Paulo lhes anunciara todo o conselho de Deus (v.27). Ele jamais deixara nada
para uma ocasião especial, pois sabia que a qualquer momento Deus o
requisitaria para outro lugar, e por isso, queria estar inocente do sangue
daquela gente.
Agora,
ele tinha que convencê-los de que era "compelido pelo Espírito" que
ia para Jerusalém, mesmo sabendo que o que o esperava eram prisões e
tribulações. Mas tudo bem! Afinal de contas, Paulo não tinha sua vida por preciosa,
desde cumprisse com alegria o ministério que recebera do Senhor, dando
testemunho da graça de Deus.
Chegara
a hora da despedida! Nunca mais aquele povo o veria novamente. Olhando para os
que ficariam responsáveis pelo rebanho, Paulo diz: "Olhai por vós, e por
todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
apascentardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio
sangue" (v.28).
A coisa
é séria! Cuidar do rebanho de Deus é a melhor declaração de amor que podemos
fazer a Ele. Por isso, quando Pedro respondia que amava ao Senhor, Jesus lhe
dizia: Apascenta minhas ovelhas! O rebanho não é meu, não é da igreja A, B ou
C. O rebanho é do Senhor, e foi comprado com o sangue de Deus! Escandalizou-se
com esta expressão, volte a ler o texto e verifique se não é isso que diz ali:
Sangue de Deus.
Naquele
momento de impasse, Paulo embarga a voz, engole seco, e diz: "Sei que
depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o
rebanho" (v.29).
Se ele
pudesse, certamente ficaria por ali mesmo, para afugentar esses lobos cruéis,
que certamente já espreitavam o rebanho, esperando apenas pela sua saída.
A
crueldade é a primeira característica desses lobos. Por isso, eles não poupam o
rebanho. Não se satisfazendo só com a lã, querem também sua carne, seu sangue,
sua alma.
Esses
lobos não viriam de fora, mas emergiriam de dentro do próprio rebanho, falando
coisas perversas com uma única finalidade: "atrair os discípulos após
si" (v.30). Não eram lobos vira-latas, mas lobos com pedigree.
Em vez
de atrair as pessoas a Cristo, preferem atraí-las a si, com seu carisma, com
sua atenção, com seu amor fingido, com palavras elogiosas e falsas. Pena que as
pessoas sejam tão propensas a acreditar nesses lobos. Escrevendo a Tito, Paulo
os apresenta como "insubordinados, faladores vãos, e enganadores"
(1:10). O que fazer com eles? Deixá-los à vontade para que se sirvam das
ovelhinhas de Jesus? Definitivamente, não! "É preciso tapar-lhes a boca,
porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe
ganância" (v.11).
Já que
não dá pra evitar a aproximação desses lobos cruéis, vamos colocar focinheiras
neles, para que não devorem as ovelhas de Deus. Vamos mostrar para esses lobos,
que a igreja de Cristo não lhes servirá mais de playground. Chega de se
divertirem às custas do rebanho de Deus. Vamos colocá-los para jejuar. Se
quiserem se alimentar, terão que mudar seu cardápio. Ovelhas, não mais!
E para
tapar-lhes a boca, temos que denunciá-los, expor suas intenções, revelar suas
estratégias. Não podemos nos calar, pois isso seria fatal. Em outras passagens,
Paulo se refere a esses maus obreiros como cães. Eu diria mais: cães raivosos.
Quando não matam a ovelha, transmitem-lhe raiva. A gravidade da situação era
tamanha, que Paulo conclama os efésios a se lembrarem que durante três anos ele
não cessou de admoestá-los com lágrimas noite e dia.
Não
brinque com coisa séria! Famílias inteiras têm sido devoradas por esses lobos
vorazes.
Que
nossa admoestação seja, ao mesmo tempo, um cajado para resgatar as ovelhas que
já estiverem na boca desses lobos, e uma vara impiedosa para colocá-los pra
correr.
Um
último aviso para você, lobo cara-de-pau: Desista das ovelhas do Senhor! Se
quiser, fique de longe babando, mas não se atreva a se aproximar, caso
contrário, você experimentará a fúria do Bom Pastor.
Está
dito!
Nenhum comentário:
Postar um comentário