Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apocalipse
2.29
Apocalipse
13 é um dos mais fascinantes e misteriosos capítulos de toda a Bíblia. Esse
capítulo é singular para a nossa época, porque não identifica países definidos
por fronteiras; em vez disso, ele fala do mundo inteiro – um mundo global. Essa
mensagem simplesmente ignora que o planeta Terra é dividido em cinco
continentes e aproximadamente 200 nações. Ele ignora que essas nações são
diversas, falam línguas diferentes, têm diferentes culturas, praticam várias
religiões, têm seus próprios costumes e festejam seus próprios feriados.
Apocalipse 13 ignora tudo isso e simplesmente nos revela um mundo único no
final dos tempos: uma Nova Ordem Mundial para todas as pessoas do planeta
Terra.
Sabemos
que uma situação dessas seria impossível um século atrás. O mundo era muito
diversificado e dividido por fronteiras nacionais, mantidas por forças
militares. Mas, hoje em dia, está acontecendo uma coisa que nunca aconteceu
antes: a corrida em direção ao globalismo.
Durante
a crise financeira internacional, o globalismo atravessou um terreno instável,
em que as nações tentaram desesperadamente cuidar de si mesmas. Neste contexto,
o protecionismo tornou-se uma questão séria para o mundo. Mas tudo isso é
temporário. Não devemos jamais permitir que nossa visão da profecia bíblica
seja obscurecida pelas circunstâncias atuais. No fim das contas, o mundo
precisa, e irá, se tornar um. Essa é uma sentença irrevogável da profecia
bíblica.
Apocalipse
13 mostra o resumo do sucesso fraudulento de Satanás, o deus deste mundo e
príncipe das trevas que dominou o planeta Terra com suas artimanhas. Esse
capítulo da Bíblia fala de política, comércio e religião; tudo junto. A
autoridade terrena é o Anticristo; seu poder é absoluto. Ninguém pode existir
no planeta Terra se não tiver a marca da besta.
Os 18
versículos de Apocalipse 13 são uma mensagem compacta sobre o final dos tempos,
destacando três identidades principais:
1. O
dragão;
2. A
primeira besta, que é o Anticristo; e
3. A
segunda besta, que é o falso profeta.
Trindade
e criação
O
dragão, a primeira e a segunda besta são uma imitação da Trindade de Deus. Sua
tarefa é a criação de duas coisas específicas: 1. A imagem da besta; e 2. A
marca da besta.
Enquanto
Deus criou o homem à sua imagem e lhe ordenou que sujeitasse a terra, a
trindade do mal cria a imagem e a marca da besta para sujeitar o homem. O
propósito de Satanás é tornar o homem sujeito à sua autoridade. Satanás quer
ser Deus. Essa, em resumo, é a história da humanidade.
Introdução
à revelação de Jesus Cristo
A
mensagem desse capítulo precisa ser entendida, estudada e analisada no contexto
de todo o livro do Apocalipse.
O livro
começa com: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus
servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por
intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João” (Apocalipse 1.1); e
termina com: “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (Apocalipse 22.21). Ele
é, portanto, a Revelação de Jesus Cristo.
Os três
primeiros capítulos revelam o Senhor exaltado e suas mensagens para sete
igrejas especificadas por seus nomes. Essas igrejas são geográfica e
historicamente identificáveis. São igrejas reais, existentes na terra.
Céu
aberto
Então,
no capítulo 4, algo diferente acontece: “Depois destas coisas, olhei, e eis não
somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de
trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve
acontecer depois destas coisas” (v. 1). Agora, o lugar do evento é o céu. O texto
menciona especificamente que João recebeu ordem de subir “para aqui” a fim de
ver e transcrever “o que deve acontecer depois destas coisas”.
Fora
deste mundo
Ao
lermos o livro de Apocalipse, é importante entender que esta é uma mensagem
vinda do céu. João está na presença do Senhor, no céu. Estamos diante de algo
que, literalmente, não é deste mundo, mas é endereçado às pessoas da terra,
particularmente àqueles que lêem e ouvem: “Bem-aventurados aqueles que lêem e
aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas,
pois o tempo está próximo” (Apocalipse 1.3).
Coisas
físicas terrenas e coisas físicas espirituais
Ao
lermos o livro de Apocalipse como crentes em Cristo, precisamos pedir sabedoria
para distinguir entre coisas físicas terrenas e coisas físicas espirituais.
Aqui
está um exemplo: No capítulo 1, encontramos uma descrição do Senhor:
“Voltei-me
para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio
dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à
altura do peito, com uma cinta de ouro.
A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos,
como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado
numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete
estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto
brilhava como o sol na sua força” (v. 12-16).
João é
incapaz de descrever o que está vendo, senão através de definições metafóricas.
Observe as palavras “semelhante” e “como”. Os seus cabelos eram brancos “como
neve”; seus olhos, “como chama de fogo”; seus pés “semelhantes ao bronze
polido, como que refinado numa fornalha”; a sua voz “como voz de muitas águas”.
Se deixarmos nossa imaginação correr solta, construiremos uma figura delirante:
um homem com cabelo branco, com labaredas saindo dos olhos, pés pegando fogo, e
com uma voz parecendo as Cataratas do Niágara. Esses pensamentos nos levam a
uma imagem distorcida da realidade espiritual que o autor tenta transmitir no
livro de Apocalipse.
Vejamos
alguns outros exemplos.
Irreal,
em termos terrenos
No
capítulo 5, lemos estas palavras: “... eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz
de Davi, venceu...” (v. 5). No verso 6, lemos: “... entre os anciãos, de pé, um
Cordeiro como tendo sido morto...”. Obviamente, o Senhor não havia se
transformado num animal, num cordeiro, e nem num leão. Ele é aquele que Isaías
descreve: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está
sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6).
Mas,
novamente, acho que todos nós concordamos que uma criança não poderia ser
chamada de “Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Sob o
ponto de vista intelectual, não faz o menor sentido. Assim, precisamos nos
lembrar do que diz 1 Coríntios 2.14-15: “Ora, o homem natural não aceita as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas
as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém”.
A besta
de sete cabeças
Do
mesmo modo, não faz sentido presumir que a besta sobre a qual lemos em
Apocalipse 13 seja um animal desconhecido que tem sete cabeças e dez chifres.
Se deixarmos essas fantasias entrarem na nossa mente, imaginando a figura de um
monstro, teremos dificuldade em entender o significado espiritual realista
dessa profecia.
Apocalipse
13 pode ser difícil de entender, mas isso não altera o que está escrito em 2
Timóteo 3.16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. Com essas palavras,
temos a garantia da confiabilidade da Bíblia e recebemos instruções para
estudar criteriosamente o conteúdo da Bíblia; neste caso, o livro de
Apocalipse.
Toda a
terra
Em
particular, este capítulo se aplica à época em que vivemos por causa das
palavras que identificam o globalismo: “toda a terra” (v. 3); “cada tribo,
povo, língua e nação” (v. 7); “adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra”
(v. 8); “a terra e os seus habitantes” (v. 12). Essas palavras apontam
claramente o que está acontecendo em nossos dias. “Toda a terra” significa o
mundo inteiro, e essa é a característica do globalismo.
É mais
do que evidente que isso não poderia ter acontecido 100 ou 200 anos atrás.
Naquela época, seria impossível para o mundo se unir, ser governado por um
único líder ou ter um sistema econômico que monopolizasse o planeta Terra.
Pensar em uma religião unificada que fizesse com que “todos os que habitam
sobre a terra” adorassem a besta era algo completamente fora de cogitação.
A nova
interdependência
Até há
pouco tempo, as nações tinham independência. Cada uma delas precisava zelar
pela segurança de suas fronteiras e estabelecer novas, na maioria das vezes
pelo uso da força. Elas tinham que cuidar de sua economia, finanças e religião,
independentes umas das outras. Mas, hoje em dia, isso já não acontece.
Praticamente tudo se tornou uma questão global. Tudo o que acontece em outros
países, afeta o nosso. A independência foi substituída pela interdependência. O
motivo disso é bastante razoável. Por exemplo, para fazer vôos para a Europa,
os Estados Unidos tem que pedir permissão ao Canadá para cruzar seu espaço
aéreo. Pense só em países interiores, como a Suíça. O que aconteceria se seus
aviões não pudessem voar por cima dos outros países? A interdependência é um
resultado natural do avanço tecnológico.
Comunicação
A
comunicação entre as nações também era limitada. Os países falavam línguas
diferentes. A tradução só estava ao alcance das classes superiores. Ninguém
sabia realmente o que estava acontecendo no país vizinho. A única informação
disponível era aquela fornecida por seus respectivos líderes.
Hoje em
dia, podemos nos comunicar com o mundo todo a qualquer hora. Ondas de rádio,
telefone, satélites e cabos interconectaram os continentes. Praticamente todas
as pessoas podem se comunicar com qualquer um a qualquer hora.
Transporte
E o que
dizer dos transportes? As possibilidades eram bastante limitadas antes de 1900.
Os transportes terrestres dependiam da tração animal: cavalo, jumento, camelo,
etc. Essa forma de viajar extremamente desconfortável provocava dores nas
costas, era muito cansativa e expunha o viajante a grandes perigos. Até mesmo
um rei não conseguia percorrer mais do que alguns quilômetros por dia. Além
disso, não havia estradas pavimentadas que permitissem uma viagem com um mínimo
de conforto. Fora dos vilarejos e cidades, não havia ruas pavimentadas nem
rodovias de concreto. As viagens dependiam das condições meteorológicas. Ao
tentar ir de um lugar ao outro, o viajante podia ficar retido por vários dias
por causa da chuva, por exemplo. As pontes eram poucas. No calor do verão,
deveria ser insuportável viajar por aquelas estradas quentes e poeirentas,
através de densas florestas, sujeito a todo tipo de perigo a cada curva. Cruzar
os oceanos era se arriscar num barquinho de madeira, dependendo dos ventos para
se mover e esperando que eles soprassem na direção certa. Histórias sobre as
antigas viagens marítimas ficaram registradas para nós no Livro dos Atos. Hoje,
podemos praticamente dar a volta ao mundo em 24 horas. Um percurso de 50 km
numa cidade não é nada incomum. Muitos fazem isso diariamente.
Portanto,
quando lemos na Bíblia sobre uma sociedade política, econômica e religiosa
global, compreendemos que só nos nossos dias é que essas coisas são possíveis.
Estamos vivendo na época em que essas coisas podem se cumprir.
Espero
que esta breve introdução prepare o palco para nosso estudo a respeito desse
capítulo singular – Apocalipse 13 – e transmita ao nosso coração a mensagem de
que esta é realmente a preparação para a última vitória de Satanás!
Autor:
Arno Froese
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