Abstende-vos de toda a aparência do mal.
1
Tessalonicenses 5.22
E eles,
passando pela manhã, viram que a figueira se tinha secado desde as raízes.”
(Marcos 11.20)
Indo de
Betânia a Jerusalém, Jesus sentiu fome. Ao passar por uma figueira coberta de
folhas bem verdes (aparência), aproximou-se para colher alguns figos. Vendo,
porém, a mais absoluta ausência de frutos (conteúdo), Jesus “amaldiçoou” a
figueira, condenando-a à improdutividade permanente. “No dia seguinte, de manhã
bem cedo, Jesus e os discípulos passaram perto da figueira e viram que ela
estava seca desde a raiz” (Marcos 11:20).
A
explicação dada por Jesus, claramente, nada tem a ver com o fato de uma
figueira secar, por não possuir fruto, o que poderia ser encarado com
naturalidade em uma época que não era de colheita... Mas, de repente, Ele
começa a explicar sobre a fé capaz de modificar as coisas.
Mas
qual seria a relação entre uma figueira amaldiçoada e a vida de fé, cheia de
frutos, que o Senhor espera que tenhamos?
Tal
como aquela figueira, muitos de nós conseguem impressionar e convencer à
primeira vista. Nossas “folhas verdes” dão a aparência de viço, de vida, de
robustez, o que não necessariamente implica em autenticidade e principalmente
em produtividade.
Em
tempos de números e estatísticas, ouvimos por todos os lados de índices que
falam em crescimento da igreja. Alguns calculam que em duas décadas a maioria
da população brasileira será evangélica. Mas seria isso suficiente para
afirmarmos que a Obra de Deus está verdadeiramente arraigada e influenciando
para o bem esta terra? Será que temos uma igreja comprometida com a humilde e
serena verdade do evangelho? Será que essas multidões presentes em censos e
pesquisas estão unidas pelo vínculo do amor e da fé? E será que como se foram
um só coração dão testemunho real e com autoridade de Cristo através de suas
próprias vidas? São perguntas vitais e que nos impelem a uma profunda reflexão.
Muitas
vezes somos apenas corpos frequentadores de igreja, bocas que berram
mecanicamente seus améns e aleluias, mãos ignorantes que carregam Bíblias que
nunca são lidas, ternos e gravatas que escondem uma alma maculada por pecados
clandestinos. Muitas vezes somos apenas folha verdade – aparência – porém sem
um único fruto verdadeiro de sincero compromisso com Cristo e Sua Palavra.
Nossa
vocação, como cristãos, não é simplesmente oferecer abrigo, embaixo da folhagem
verde dos nossos ramos. Nossa vocação, de tempo integral, é providenciar
alimento para um mundo raquítico e desnutrido de Deus. Acima de tudo e acima
das estações do ano, o cristão continua sua missão de realizar a obra de
Cristo, isto é, de doar “vida com abundância”. O eterno é eterno porque é
atemporal. A qualidade de nossa missão é eterna. Por isso, nunca devemos estar
presos às limitações das estações, das culturas, das tecnologias ou dos
modismos teológicos.
É bem
verdade que folhas verdes são belas e dão boa impressão. Mas, para Deus, isso
não basta. Não devemos ser apenas figueiras com folhas. Temos que ir além da
aparência, temos que ter compromisso e conteúdo – temos que ser figueiras com
frutos!
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