Existe mulher pastora? O que a Bíblia diz sobre o chamado ministério
pastoral feminino
Nesses
últimos dias, há um tipo de exegese (ou melhor, eisegese) pela qual se procura
a todo custo encontrar apoio bíblico para o que já está em vigor. É como se
pudéssemos oficializar, biblicamente, o usual, o que, na prática, já existe.
Por exemplo: há danças em várias igrejas; então, encontremos referências
bíblicas que as autorizem. Já existem “pastoras” em várias denominações;
achemos também passagens em apoio ao “ministério feminino”.
Ora,
quem tem a Bíblia como a sua fonte primária de autoridade, como a sua regra de
fé, de prática e de vida, não deve viver à mercê da falaciosa exegese (exegese?)
mencionada. Por isso, resolvi escrever este artigo, não para agradar ou
desagradar alguém. Como disse Monteiro Lobato, “Há dois modos de escrever. Um,
é escrever com a idéia de não desagradar ou chocar alguém (…) Outro modo é
dizer desassombrada mente o que pensa, dê onde der, haja o que houver: cadeia,
forca, exílio” (Carta a João Palma Neto, São Paulo, 24/1/1948).
Estariam
os homens impedindo as mulheres de exercer o ministério pastoral? Essa questão
tem gerado polêmica e dividido opiniões. Mas eu quero mostrar, de maneira
isenta — apesar de eu ser homem —, o que a Bíblia diz. Peço às irmãs que
acreditem em mim, pois não tenho intenção alguma de agradá-las ou irritá-las.
Este artigo é uma exegese bíblica, imparcial, de quem deseja andar segundo a vontade
de Deus, e não conforme o que homens e mulheres convencionam.
Antes
de discorrer sobre o “ministério pastoral feminino”, e para ser imparcial, devo
mostrar o que as Escrituras dizem sobre o relacionamento entre homem e mulher.
O QUE A
BÍBLIA DIZ SOBRE A SUBMISSÃO
Muitos
homens devem reconsiderar a sua opinião acerca das mulheres, que, ao longo dos
séculos, vêm sendo discriminadas, principalmente no meio religioso. Vejo que a
atitude inconveniente de alguns homens tem como resposta uma postura hostil por
parte das mulheres, gerando a chamada “guerra dos sexos”. Por que muitas
mulheres cristãs estremecem ante o ensinamento bíblico da submissão? Porque
muitos maridos são autoritários e se consideram superiores a elas, não respeitando
a sua sensibilidade.
No
cristianismo genuíno, não há espaço para machismo e feminismo, movimentos
extremados que não reconhecem a verdadeira posição do homem e da mulher na
sociedade. O primeiro considera a mulher inferior, enquanto o outro trata o
homem como um demônio. No Corpo de Cristo, há lugar para ambos os sexos, desde
que reconheçam, à luz das Escrituras, a sua posição.
Paulo
compara a submissão da mulher à sujeição de Jesus a Deus Pai (1 Co 11.3). Tanto
o Deus Filho quanto o Deus Pai pertencem à Trindade, sendo iguais em poder (Mt
28.19; Jo 10.30). Todavia, Cristo, por amor ao Pai, submete-se voluntariamente,
recebendo dEle toda a honra (Fp 2.5-11). Além disso, Paulo ensina: “… assim
como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo
sujeitas a seus maridos” (Ef 5.24). E Cristo não obriga ninguém a obedecê-lo
(Lc 9.23; Tg 4.8).
O QUE A
BÍBLIA DIZ SOBRE AS DIFERENÇAS
Segundo
a Bíblia, a relação entre homem e mulher deve ser, antes de tudo, de respeito
mútuo (1 Co 7.3-5). Deus formou Eva a partir de uma das costelas de Adão (Gn
2.18-22) para demonstrar que a mulher não deve estar nem à frente nem atrás,
mas ao lado do homem, como ajudadora. E ser ajudadora não é ser inferior, pois
o próprio Deus é o nosso Ajudador (Hb 13.5,6).
Na
Palavra de Deus não há espaço para o falacioso igualitarismo feminista, porém a
Bíblia também não diz que a mulher é inferior ao homem. Ela é o “vaso mais
fraco” (1 Pe 3.7). Quer dizer, mais frágil, mais sensível e, por isso, deve ser
amada e honrada pelo marido (Ef 5.25-29). O princípio que deve prevalecer é o
da prioridade, e não o da superioridade (1 Tm 2.13).
Deus
não faz acepção de pessoas (At 10.34). Por que, então, alguns homens se
consideram superiores? Deus fez a mulher diferente do homem para que ambos se
completem, no lar, na sociedade e no serviço do Senhor. Nesse caso, existem
tarefas que o homem desempenha melhor, enquanto há atividades em que o talento
feminino se sobressai. E isso também deve acontecer nas igrejas.
O QUE A
BÍBLIA DIZ (OU NÃO DIZ) SOBRE A ORDENAÇÃO
Há ou
não respaldo bíblico para a ordenação de mulheres? Reitero que nada tenho
contra as mulheres, mas peço às minhas amadas leitoras que não fiquem bravas
comigo. Afinal, como eu já disse, a minha fonte primacial é a Bíblia. Se fosse
o meu raciocínio a minha fonte máxima de autoridade, com certeza afirmaria, sem
medo de errar, que as mulheres têm todo o direito de reivindicarem a ordenação
pastoral. Mas, quem sou eu ante a infalível e inerrante Palavra de Deus?
1) Na
Bíblia, a única pastora mencionada é Raquel, uma pastora de ovelhas (Gn 29.9).
E o termo “bispa”, em voga na atualidade, sequer existe. Foi uma certa
“episcopisa” que, ao lado de seu marido “apóstolo”, o popularizou.
2)
Muitos têm dito que as mulheres sequer eram citadas nas genealogias, pois entre
os judeus elas eram desprezadas. Isso em parte é verdadeiro. Contudo, esse
argumento não é válido para o que está escrito na Lei, pois foi Deus quem
entregou todos os preceitos da Lei a Moisés. Seria Deus machista?
3) Os
defensores da ordenação feminina citam como exemplo a valorosa cooperadora de
Paulo e esposa de Áqüila, Priscila (At 18.26). Mas tudo não passa de
conjectura, haja vista não haver nenhuma referência que confirme o seu
apostolado.
4)
Também citam Júnias, que — pelo que tudo indica — era um cooperador de Paulo
(Rm 16.7). Mesmo que fosse mulher, o texto não afirma, categoricamente, que se
tratava de alguém que exercesse o ministério pastoral ou apostólico.
5) Na
igreja primitiva, as mulheres se ocupavam da oração (At 1.14) e do serviço
assistencial (At 9.36-42; Rm 16.1,2). E algumas se notabilizaram como fiéis
cooperadoras do apóstolo Paulo, como Febe, a mencionada Priscila, Trifena,
Trifosa, etc. (Rm 16), além de Lídia, a vendedora de púrpura (At 16.14). Não há
nenhuma referência a mulheres exercendo atividades pastorais.
6)
Alguns teólogos feministas — de maneira precipitada e infeliz — afirmam que
Paulo era machista, contrário às mulheres, em razão de sua formação. Isso não
resiste a uma exegese, pois nenhum machista aconselharia os homens a amarem a
sua própria mulher, como em Efésios 5.25. Nenhum machista citaria tantas
mulheres, como em Romanos 16. Paulo, como imitador de Cristo (1 Co 11.1),
tratou as mulheres da mesma maneira que o Senhor. E, quem dentre nós, tem
autoridade para dizer que Jesus era machista?
7) Se
Paulo era machista, o que dizer de Jesus, que escolheu doze homens para compor
o ministério da igreja nascente, de acordo com Mateus 10.2-4? Ele teria se
enganado? Ou o Mestre tinha algum vínculo com fariseus, saduceus, escribas ou
quaisquer grupos machistas de sua época?
8) Na
escolha dos primeiros diáconos, que poderiam vir a ser ministros, caso tivessem
chamada de Deus para tal e servissem bem ao ministério (Hb 5.4; 1 Tm 3.13), os
apóstolos disseram: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões…” (At
6.3).
9) No
primeiro concílio, em 52 d.C., os rumos da igreja foram traçados por homens (At
15).
10) Em
Apocalipse 2 e 3, são mencionados os pastores das igrejas da Ásia.
Como se
vê, apesar de toda a polêmica em torno desse assunto, a Bíblia é clara. Embora
as mulheres tenham importante papel ao longo das páginas do Novo Testamento,
aparecendo na linhagem e no ministério de Cristo (Mt 1.3,5,6,16; Lc 8.1-3),
Deus conferiu aos homens, em regra geral, o exercício da liderança eclesiástica
(Ef 4.8-11).
UMA
PALAVRA ÀS IRMÃS EM CRISTO
Amadas
irmãs, peço-lhes que não fiquem bravas comigo. Talvez, se eu fosse uma mulher,
as irmãs aceitariam melhor o que tenho exposto. Mas quero lhes dizer que as
irmãs podem e devem pregar o evangelho, orar pelos enfermos e desempenhar todas
as tarefas de um seguidor de Jesus (Mc 16.15-18), pois também são cooperadoras
de Deus (1 Co 3.9).
O que
lhes é vedado, não por mim, mas pela Palavra de Deus, é o desempenho de funções
reservadas aos ministros. Por exemplo, só os ministros podem ungir os enfermos
(Tg 5.14; Mc 6.13). Nem os homens, se não pertencerem ao ministério, podem
fazer isso! Nesse caso, as mulheres também não devem ungir, a menos que queiram
agir por conta própria, e não segundo os preceitos bíblicos.
Por
outro lado, muitos obreiros — por falta de conhecimento ou amadurecimento — as
impedem de testemunhar, valendo-se erroneamente do texto de 1 Coríntios
14.34,35. Aqui, Paulo com certeza não se opôs à pregação feita por mulheres,
visto que no capítulo 11 ele mesmo disse que as mulheres podem profetizar na
casa de Deus. Certamente, o apóstolo se referiu ao falatório ou a um tipo de
participação no culto que implicasse ascendência das mulheres sobre os
ministros do Senhor, o que infelizmente aconteceu na igreja de Tiatira (Ap
2.20-22).
Outro
texto que tem sido usado de modo errado para impedir as irmãs de ministrarem em
escolas dominicais, conferências, estudos, etc., é 1 Timóteo 2.12. Mas o
apóstolo Paulo, claramente — à luz dos contextos imediato e remoto —, alude a
um tipo de participação feminina que resulte em enfraquecimento da autoridade
masculina, quer no lar, quer na casa de Deus, o que fere os conceitos bíblicos
já expostos neste artigo.
Finalmente,
reconheço, queridas irmãs, que há exceções, como mulheres que estão no campo
missionário. Mas não devemos transformar as exceções em regras, como tem
ocorrido em igrejas cujas esposas de pastores são declaradas, automaticamente,
pastoras. Quando fazemos valer a nossa própria vontade ou a de outras pessoas à
nossa volta, e não a vontade de Deus, corremos o risco de enquadramento no que
o Senhor Jesus disse em Mateus 7.21-23
por
Ciro Sanches Zibordi
Se me permitem, partilho aqui um artigo que escrevi sobre o tema das mulheres no ministério pastoral: https://vidaemabundancia.blogspot.com/2013/04/consagracao-feminina-ao-pastorado-i.html
ResponderExcluir